Pai que abraça: a paternidade é uma dádiva

Publicado dia 06/08/2019 às 20h00min

Qual é o maior presente de Dia dos Pais? Ao ouvir essa pergunta, os olhos de Irany Francisco dos Reis brilharam e um sorriso tímido surgiu no rosto dele. “Qualquer dia, o meu maior presente é a presença dos meus filhos. Eu lutei para isso. Para tê-los perto de mim”, explica.

O sentimento de gratidão contido na resposta do Irany é resultado de uma dura luta judicial para ter a guarda da Maria Eduarda, 5 anos, e do Iran, que tem 7 anos e é portador da Doença Falciforme. “Por eu ser homem, foi bem mais difícil. Eu tive que provar por A mais B que eu era uma pessoa capaz de cuidar deles”, conta Irany.

Conseguir a guarda das crianças foi apenas o início da jornada. Se cuidar dos filhos já é uma tarefa difícil, imagine então sem a presença da mãe. “Eu tinha uma jornada dupla. Chegava em casa do trabalho e fazia comida e ainda cuidava deles. Por incrível que pareça, me adaptei rápido à rotina. É uma questão de amor”, revela o pai.

Além das dificuldades tradicionais da paternidade, Irany precisou lidar com a Doença Falciforme do filho, que é causada por mutação genética e requer cuidados especiais. Em meio as dores fortes e infecções comuns da doença, ele precisava ser firme ao ensinar. Com muita dedicação, ele tem repassado os valores que recebeu da mãe: “Ser pai não é só lavar roupa ou dar comida para eles. O desafio é educá-los. Passar os princípios”.

O pai também teve que lidar com o preconceito, mas aos poucos foi ganhando a confiança das pessoas e hoje é um exemplo de paternidade para os que conhecem sua história. “A sociedade nos diz que o homem não foi feito para cuidar das crianças. Só que a gente está caminhando para uma época em que temos que nos preparar para cuidar delas e até da casa”, explica.

O apoio da Abrace foi fundamental durante a luta contra a doença. Com apoio da comunidade, a instituição ofereceu cestas básicas, medicamentos, passagens, roupas, utensílios, móveis e eletrodomésticos. Tudo para garantir qualidade de vida para o pequeno Iran e para a família.

Amante da literatura, ele se diverte lendo histórias para os filhos e fazendo as vozes dos personagens. Também surgiu o desejo de compartilhar as experiências vividas em um livro. A proposta é mostrar uma nova visão do mundo pós-paternidade e a obra já tem 20 páginas escritas à mão. “Até uma certa parte da minha vida, eu era egoísta. A vida me bateu tanto que hoje sou uma pessoa humilde. O Iran e a Maria Eduarda não são um problema para mim. Pelo contrário: eles são minha força”, conclui.

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Texto e foto: Arisson Tavares