Pacientes com câncer estão no grupo de risco do Covid19

Crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, que fazem parte do grupo de risco, precisam intensificar os cuidados com a saúde. Para esse público, a Covid-19 é ainda mais perigosa

Publicado dia 01/06/2020 às 15h00min

Desde março, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que estamos em estado de pandemia por causa do novo coronavírus, na qual o nome do vírus é Sars-Cov-2 e da doença Covid-19, os países se viram enfrentando um inimigo comum e desconhecido. Um vírus cujo poder de proliferação é muito rápido e mata a cada três indivíduos entre 100 infectados. A única recomendação até a espera da descoberta de uma vacina é o isolamento social para achatar a curva de contaminação, já que nenhum sistema de saúde no mundo está preparado para atender tantas pessoas contaminadas ao mesmo tempo.

Perante esse quadro muito se ouviu falar de casos de indivíduos que estão no grupo de risco e precisam ter cuidados redobrados, entre eles: Idosos e portadores de doenças crônicas (diabetes, hipertensão e asma). Contudo, há outra parcela da população que também faz parte desse núcleo e precisa se precaver, são pessoas diagnosticadas com câncer. Elas devem multiplicar os cuidados com a saúde, principalmente as crianças e adolescentes que já estão com a imunidade baixa e o câncer é mais avassalador, como alertam os especialistas.

A médica hematologia, oncológica e pediatra do Hospital da Criança de Brasília José Alencar, (HCB) doutora Isis Guimarães, esclareceu diversas questões sobre o tema. Ela arma que teoricamente, todos os pacientes com câncer também fazem parte do grupo de risco porque estão com a saúde comprometida e são mais vulneráveis. Alerta também que, no caso das crianças com câncer, a Covid-19 é ainda mais perigosa. Por isso, é importante manter os cuidados já recomendados como higienizar sempre as mãos, roupas, uso de máscaras, ambiente limpo e o uso frequente do álcool em gel 70%. As famílias precisam manter a cautela e não compartilhar talheres, copos, pratos e outros objetos com esses pacientes.

Devido a necessidade de frequentar ambientes hospitalares por causa do tratamento de câncer é preciso ficar atento. O risco de contaminação é ainda maior para esses pacientes que estão mais suscetíveis. Ela cita as recomendações realizadas no HCB. Na unidade, cada criança tem a permissão de ter apenas um acompanhante e sempre com o uso de máscaras todo o tempo. Além disso, locais como a brinquedoteca, espaço de brincar, espaço convivência e espaço da família foram fechados temporariamente. O transito de pessoas pelas alas do hospital também está restrito.

Outro fator de apreensão para os pacientes com câncer é a falta de conhecimento sobre o coronavírus, e isso é perigoso, como esclarece a doutora Isis. “Existe ainda uma escassez de conhecimento bem estabelecido a respeito da infecção da Covid-19 em crianças com câncer. E por isso, é necessário observar qualquer mudança no quadro clínico desses pacientes. Havendo alteração na saúde, a criança precisa ser levada imediatamente ao hospital, ” explica.

Abrace

A Abrace, que há 34 anos presta assistências as famílias com crianças e adolescentes portadores de câncer e doenças no sangue, tem feito a lição de casa. Os cuidados são frequentes para resguardar a saúde dos assistidos, como relata a presidente da instituição, Maria Angela Marini. “A pandemia causada pelo novo coronavirus desencadeou uma crise emergencial sanitária mundial, que afetou a todos, inclusive a Abrace. Para o bom funcionamento da instituição foram tomadas as medidas emergenciais necessárias, com adaptação à nova situação, em especial da Casa de Apoio, nos cuidados de aplicarmos o isolamento social e a quarentena. ”

Visitas à Casa de Apoio foram suspensas temporariamente, outras ações também foram necessárias para garantir a segurança à saúde dos assistidos, como: disponibilização de vasilhas com álcool em gel em vários cômodos da casa; os doadores passaram a deixar os donativos na portaria; as assistentes sociais têm realizado atendimentos por telefone e em situações raras quando as famílias / necessitam de remédios, um responsável pelo menor vem a instituição buscar, e esses atendimentos são feitos em área aberta mantendo o distanciamento recomendado; as doações as famílias são levadas nas casas para evitar o deslocamento.

A instituição realinhou as regras para assegurar saúde e a assistência as famílias, garante Marini. “A Abrace acima de tudo, valoriza a vida e, na busca pela cura da doença a qualidade de vida vai além dos protocolos médicos. ” Ela conta que apesar da situação o amparo continua. “Tudo pode ter mudado, mas não mudaram os sentimentos de solidariedade, generosidade e amor ao próximo! ”

Nayara Araújo de 31 anos, mãe do assistido, Daniel Benicio Costa de apenas um ano de idade, tem recebido apoio da Abrace no tratamento do lho. Ela conta que raramente sai sem necessidade, vai apenas ao HCB e na volta descarta a máscara antes de entrar na instituição. Lava as roupas dela e do bebê com álcool e tenta equilibrar as necessidades da criança com os cuidados. “Só levo ele para passear aos sábados aqui no pátio da Abrace mesmo. ” Finaliza.

A Covid-19 tem dizimado milhares de pessoas no mundo e no Brasil. Somente no território brasileiro, no fechamento dessa matéria, já havia mais de 23 mil mortes no país. Por isso, é necessário manter os cuidados principalmente com aqueles que fazem parte do grupo de risco.

Os principais sintomas são: coriza, espirros, febre, tosse, falta de ar, dor de garganta, mas também sintomas menos comuns como dor abdominal e vômitos podem ocorrer. Nesses casos, o indicado é sempre levar a criança ao hospital.

Texto: Rosana Maria