Capacitação para famílias assistidas na Abrace
Publicado dia 22/02/2019 às 17h00min
A missão da Abrace é buscar permanentemente a excelência na assistência social às famílias, crianças e adolescentes com câncer e hemopatias. Muitas vezes, ao entrar na jornada de tratamento contra o câncer, o pai e a mãe abandonam as suas carreiras profissionais e voltam toda a atenção para os cuidados com seu filho (a). Por isso, também é preocupação da Abrace promover a autonomia das famílias assistidas. Dessa forma, foi firmada uma parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) para capacitar, por meio de cursos, familiares e assistidos, a partir de 18 anos, a trabalharem com telemarketing.
Cristina de Jesus Souza, 32 anos, parou de estudar na sétima série. Ela esperava pela chegada de Jhenifer e seus planos era retomar a formação assim que a bebê estivesse maior. O que não aconteceu. Com 9 dias de vida, Jhenifer foi diagnosticada com neuroblastoma. Sua vida se voltou aos cuidados com a saúde da filha. Somente após 14 anos desta jornada, Cristina está voltando sua atenção para a vida profissional.
Ela se inscreveu na primeira turma do Curso de Telemarketing da Abrace. As aulas iniciaram no dia 20 de fevereiro, na Sede da instituição, no Guará 2. Os alunos são, assim como Cristina, mães, pais, irmãos e familiares dos assistidos ou eles próprios. As restrições são: ter completado 18 anos, podem cursar o ensino médio ou tê-lo completado. “É um projeto inovador da Assistência social da Abrace. Cada vez mais presente na vida dessas familias, abre mais “uma janela” aos assistidos para que tenham novas oportunidades no mercado de trabalho e chances reais de um futuro mais promissor”, fala Maria Angela Marini, presidente da Abrace, em seu discurso de boas-vindas. O curso terá 56 horas aula, distribuídas em 3 dias na semana. Após os estudos práticos e teóricos, os alunos ganharão uma consultoria profissional para alinharem seus currículos com o mercado de trabalho.
Já no primeiro dia, Natalina Silva, 27 anos, dona do lar e mãe da pequena Camilly Fernandes, assistida que trata anemia falciforme, está empolgada com o aprendizado adquirido. “A professora é muito boa. Eu quero arrumar um emprego melhor, para isso todos [os contratantes] pedem escola completa e cursos. Sinto que vou conseguir”, explica, de forma positiva, a jovem que já trabalhou em um lava-jato, em um pet shop e de doméstica. Esse ano, além do curso de telemarketing, Natalina voltou para escola por conta própria e está cursando o 2º grau do ensino médio.
Os primeiros minutos da aula foram gastos para dar as boas-vindas, passar algumas instruções e apresentar como seria a metodologia do curso, o restante da tarde foi de ensinamento. Todos os alunos ganham vale transporte, lanches e material. O espaço no qual o curso está acontecendo faz parte do projeto de capacitação firmado entre a Abrace com a FBB, foi inaugurado em janeiro de 2019.
A turma tem 17 pessoas, de diferentes idades e expectativas. Cristina, por exemplo, acredita que o curso será o início do seu recomeço, ajudará ela a redescobrir seu caminho em um momento que aguarda uma cirurgia na filha que trará mais independência a ela. Enquanto isso, Natalina já se imagina como operadora de telemarketing da Claro ou da Riachuelo.
Texto: Tainá Vieira