Com mais de uma década de captação de recursos para a compra, trâmites são finalizados e equipamento será inaugura oficialmente em breve

A Abrace uniu esforços mais uma vez para ampliar a assistência e qualidade de vida de crianças e adolescentes com câncer e hemopatias. Por mais de 10 anos, a Instituição realizou campanhas diversas para captar recursos, direcionando o valor para a aquisição, adequação de espaço físico e instalação de um equipamento moderno de ressonância magnética, modelo 1.5 Tesla, doado para o Hospital da Criança de Brasília José Alencar – HCB. Em abril, a Abrace em conjunto com HCB e Philips assinaram o termo definitivo de entrega. 

Maria Angela Marini, presidente da Abrace, lembrou do sonho antigo dos pais fundadores da Abrace, em ter um hospital da criança para que os pequenos pacientes tivessem também dignidade, atenção, carinho e paciência no tratamento, direcionadas para sua faixa etária. Agora, com mais essa realização, o sentimento é de felicidade. “Sempre construímos e buscamos algo mais que possa trazer benefício, e chegou o momento de nós podermos oferecer mais um grande equipamento que vai ajudar no tratamento das crianças de todas as especialidades que estão lá no Hospital. Quando voltamos atrás e lembramos que trabalhamos com o sentido, com o propósito de ajudar as crianças com câncer, porque nós fundadores da Abrace passamos por isso, ficamos felizes em saber que a Abrace extrapolou o que ela procurava, e muito”, destacou.

Propósito

A doutora Isis Magalhães, diretora técnica e hematologista pediátrica no Hospital da Criança de Brasília José Alencar, e membro do Comitê Técnico-Científico da Abrace, destacou que a união de tantas pessoas dedicadas à luta contra o câncer infantojuvenil se fortaleceu com esta grande realização. “É um momento importante, e por isso estamos aqui para agradecer a Abrace, em nome do Hospital. A Abrace realmente abraçou todas as especialidades, e busca junto à sociedade todo tipo de apoio, sempre com muita atenção à parte técnica”, destacou a doutora Isis.

A especialista contou ainda que os tumores mais frequentes são os tumores do nervo central, e as crianças com neuroblastoma precisam fazer uma ressonância nas primeiras 24 horas de pós-cirúrgico, o que ocorreu pela primeira vez agora, possibilitando que o HCB siga protocolos de tratamento precisos e que impactam no atendimento às crianças. “Fomos crescendo, as pessoas foram se agregando, heróis, cada um dentro da sua expertise trazendo o que tinha de melhor para nós. E por isso o hospital é o que é! Porque foi uma soma de expertises. E havia um denominador comum que eram pessoas que estavam doando: era amor que tinha ali”, acrescentou Isis Magalhães. Representando ainda o Hospital, esteve presente para a assinatura o presidente do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada – Icipe, Francisco Claudio Duda.

Estrutura única

O equipamento é importante para o diagnóstico e acompanhamento de tumores cerebrais e outras patologias de média e alta complexidade, auxiliando tanto no diagnóstico precoce quanto no acompanhamento de tratamentos diversos em consonância com protocolos nacionais e internacionais de excelência.

A estrutura e a sala onde está o equipamento também foram pensadas especialmente para o público de crianças e jovens. A maioria das crianças realiza o exame com sedação, mas a área de arquitetura do HCB pensou em formas de humanização dessa nova estrutura para exames, também incluindo a atenção ao paciente mais velho. Por isso, a sala é repleta de tecnologia, com cores de iluminação que podem ser escolhidas pelos pacientes, dando possibilidade de controle do ambiente para esse jovem e criança, além de possuir constelações com representação real no teto da sala.

Luiz Antônio Glowacki, gerente de infraestrutura do HCB, lembrou que as necessidades do equipamento foram levantadas em conjunto com a equipe de médicos, realizando duas etapas para a implantação do equipamento: a obra prévia para adequação do espaço e a aquisição do equipamento. “Esse tipo de projeto não é muito usual. Mas a Philips comprou a ideia do projeto de humanização, a gente construiu juntos isso com arquitetura, e foi um trabalho aí a muitas mãos para trazer realmente uma solução bacana. 

Camila Andrade Couto, especialista de engenharia clínica, destacou os desafios desde o início da compra do equipamento. Ela lembrou que em 2019 chegou na equipe já direcionada para trabalhar especificação em busca do melhor equipamento. A ressonância magnética foi comprada pela Abrace, com recursos arrecadados por meio de doações da comunidade, doações de imposto de renda para o Fundo da Infância e da Adolescência (FIA), além de doações de parceiros e de uma suplementação do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal.

Projeto concretizado

O projeto para adequação do espaço e aquisição do equipamento teve o custo total de R$ 9.5  milhões, envolvendo diversas equipes para essa conquista. Em maio o aparelho será inaugurado oficialmente. “A Philips se sente muito honrada em participar desse processo e poder entregar para vocês o que é entregue em hospitais de ponta. Parabéns a cada um, em cada área que trabalhou, cada um que nos ouviu, nos desafiou e propôs coisas novas”, declarou Romero Cesar Lage, líder na região Norte/Centro-Oeste da Philips Healthtech.

Wesley Brito, então supervisor de compras durante o processo de aquisição do equipamento pela Abrace, destacou que o momento foi o encerramento de um ciclo, lembrando que a Abrace periodicamente realiza a aquisição de equipamentos, exames, medicamentos de alta complexidade e outros itens para garantir a assistências das crianças e adolescentes assistidas pela Instituição. “Gostaria de agradecer a todos que participaram, todos são importantes e que o trabalho continue”, destacou. A Abrace já doou para o Hospital equipamentos diversos para implementação do Biobanco, aquisição de microscópio trinocular com sistema de cariotipagem integrado, implantação do Espaço da Família, equipamentos diversos para o laboratório de biologia molecular do Hospital, além da construção do primeiro bloco do HCB financiada pela Abrace.

Texto: Mariana Camargo