Espaço Abrace Doutores com Riso é inaugurado para caracterização de voluntários que atuam com a palhaçaria hospitalar

Eles vestem jaleco branco, assim como os outros doutores, mas o nariz vermelho ganha destaque em meio a rotina hospitalar. Trata-se do grupo de voluntários da Abrace, os Doutores com Riso, que levam alegria e leveza aos pacientes, familiares e funcionários do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). O grupo, que nasceu na Abrace em 1997 com o nome Pronto Sorriso, atualmente conta com 16 voluntários. Além do espaço garantido no coração dos pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde, agora os voluntários do grupo ganharam um espaço no próprio hospital para os últimos ajustes com maquiagem e vestimenta, antes feitos dentro do carro, no estacionamento. 

“Usava os espelhos dos retrovisores, um pouco de ar-condicionado e aquela música estimulante e positiva para me ajudar na missão lá dentro. Agora teremos mais privacidade para trocar de roupa, menos bagunça dentro do carro, menos sujeira da maquiagem que acaba caindo, além de podermos interagir com outros doutores, preparar algo novo enquanto nos arrumamos”, conta o Dr. Xikin.

A inauguração ocorreu no dia 15 de fevereiro, com a presença da presidente da Abrace, Maria Angela Marini, marcando também o Dia Internacional do Câncer Infantil, celebrado em todo o mundo na mesma data. O evento também homenageia dois doutores-palhaços que participaram da fundação do grupo junto a Abrace: Carlos Leal (Dr. Serelepe) e Rômulo Santos Rodrigues Alves (Dr. Ultra), que faleceu em 2020.

A presidente da Abrace Maria Angela Marini celebra o fortalecimento do grupo mesmo diante das adversidades. “São os médicos da Alma e, como tal, até mesmo no período mais crítico da pandemia, mantiveram o distanciamento cumprindo o trabalho voluntário por meio de vídeos divertidos”.

Dedicação e envolvimento

Para esse time, palhaçada é coisa séria e o foco é estar plenamente presente, unindo forças junto aos profissionais de saúde do hospital na busca pela cura. “Nossa presença é uma possibilidade de um refresco, uma pausa, um respiro; onde o riso, a alegria e a diversão são possíveis. Tudo pode estar difícil, mas o sorriso e a leveza estão ali, prontas e disponíveis para serem acessadas”, conta a voluntária Rosa Maria Brandão, que ao colocar o nariz vermelho se transforma na Dra. Serena Florosa. 

Ela atua há cerca de 5 anos como voluntária no grupo. Ao compartilhar seu tempo com o próximo, a recompensa foi maior do que imaginava. “Ao atuarmos como médicos palhaços, podemos vivenciar essa pausa em nós e observarmos o quanto também somos beneficiados com a leveza que traz um sorriso. Há uma conexão e interconexão e passamos a intersermos juntos”, explica.

Foto: Maria Clara Oliveira/ HCB

Essa experiência também transformou a vida de Thiago Lima Pereira, o Dr. Xikin, que começou a dar atenção para pequenos detalhes da vida e valorizar cada um deles: “Percebi que me tornei mais empático com a dor do próximo, já que no hospital lidamos muito com isso, tanto pelas crianças como pelos pais e parentes”.

O grupo também está prestes a ganhar novos integrantes, com uma turma que já está se preparando para entrar em campo, passando por um intenso processo de formação. “O sentimento é de uma alegria enorme em conseguir manter o projeto vivo e dar continuidade nesse trabalho tão lindo”, disse a coordenadora do grupo Patrícia Carvalho Andrade, a Dra. Zenhoca.

Foto: Maurício Araripe/ Abrace

Solidariedade concretizada

O Espaço Abrace Doutores com Riso, novo camarim do grupo, foi construído pela Abrace, que há 36 anos oferece assistência para famílias de pacientes com câncer e hemopatias. Tudo com apoio da comunidade por meio da parceria com o Instituto Ronald McDonald, através da campanha McDia Feliz. “É mais uma obra que a Abrace entrega ao HCB para incentivar a humanização no atendimento, propiciando melhor acolhimento às crianças e adolescentes que estão em tratamento na internação do hospital”, destaca Maria Angela Marini, presidente da Abrace.

“Há quase 24 anos, o Instituto Ronald McDonald atua no país de forma consistente e determinante na luta contra o câncer infantojuvenil. Nossa ideia é trabalhar para que mais crianças cheguem ao hospital no estágio inicial da doença, diminuindo os custos para o tratamento e aumentando as chances de cura aos mesmos patamares dos países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que podem chegar a 80% de chances de cura. Hoje, no Brasil, a média de cura de crianças com câncer é de 64%”, destaca Francisco Neves, superintendente e fundador do Instituto Ronald McDonald.

Foto: Maria Clara Oliveira/ HCB

Conforme estimativa do Inca, o câncer é a doença que mais acomete crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, com desigualdade das chances de cura associada às regiões do país. “Parcerias como a que temos com a Abrace são fundamentais para irmos ainda mais longe ajudando quem tanto precisa”, completa Francisco.

Texto: Arisson Tavares