O estudo é o resultado da superação e amor à vida
Da redação
Publicado dia 16/11/2018 às 13h00min
Alegria de viver! Isso define o que sente Maria Vitória Moura hoje. Aos 18 anos, a jovem superou todos os limites e aguarda, com grandes expectativas, o resultado da prova do ENEM, que fez agora em novembro de 2018. Isso é uma verdadeira vitória para quem teve que pular algumas pedras que encontrou no caminho até aqui.
Aos 10 anos, Maria Vitória estava no ensino fundamental. Ninguém nunca tinha percebido nada, a única anormalidade foi um pedido da professora da menina, na escola, que pediu para marcar um psicólogo porque ela estava muito dispersa. Depois do fato, apareceram manchas roxas no corpo e sangramento no nariz. Na mesma época ela teve garganta inflamada e foi pedido um exame de sangue de rotina, que acusou plaquetas baixas. Maria Vitória refez o exame e obteve o mesmo diagnóstico. Encaminharam-na para o Hospital de Base, depois para o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), fizeram todos os procedimentos e o resultado foi Anemia de Fanconi.
A mãe, Andreia Lima, conta que a filha sempre foi calma e alto astral. “Ela é bem alegre, extrovertida, sorri de tudo. Bem tranquila. Ela não entendia muito o que estava acontecendo, não questionava muito quando via a gente triste”. Foi um ano e um mês desde o início do tratamento até o transplante. Andreia comenta que Maria Vitória respeitava as limitações que tinha na época. “Teve um dia em que ela chorou porque queria comer carne de sol e não podia. A gente respeitou as regras do tratamento e deu certo”, recorda.
Não foi difícil achar um doador. Sua irmã, na época com 6 anos, era compatível e foi a doadora. O transplante aconteceu em Curitiba, no dia 27 de novembro de 2012. Mas uma semana antes do transplante a jovem iniciou a quimioterapia, o cabelo começou a cair e a enfermeira perguntou se ela queria vender o cabelo ou ver cair. A mãe a deixou escolher. Ela decidiu que iria passar a máquina no cabelo e assim foi feito. Andreia lembra que a filha não demonstrava nada com a doença, era muito retraída. “Foi nesse momento do cabelo que ela se expressou”, revela a mãe.
Andreia incentiva a pequena a estudar. E por isso o momento do ENEM é tão importante, ela está em dúvida em qual faculdade fazer, mas está se dedicando. Sua escolha está entre pedagogia, letras e fisioterapia. “Tenho certeza que irei fazer qualquer uma delas com muito amor e dedicação”, enfatiza Maria Vitória. Enquanto isso, estuda em um cursinho que, após três meses, encaminha a aluna para um trabalho e ela passará a pagar com o próprio salário os estudos. “Sempre é estudar para prosseguir”, diz a mãe.
Hoje Maria Vitória é referência no hospital de Curitiba. Ela conversa com os pacientes que recebem o diagnóstico recente. Lembra-se bem de tudo o que passou com a doença e compartilha. “Me senti triste no início, mas superei. Hoje vejo que foi uma experiência ruim e boa ao mesmo tempo. Aprendi muito!”, diz a jovem.