Pai que abraça: escolha sempre sorrir

Publicado dia 30/08/2019 às 17h00min

A vida sempre pôs escolhas difíceis na frente de Gecivaldo da Conceição. Quando chegou de Belém em Brasília, ainda jovem e sem instrução, começou a trabalhar como motoboy. Em um dia, foi surpreendido com a sua demissão. E mais: “o ex-patrão disse que era melhor eu voltar para a minha terra porque não teria nada para mim aqui. Mesmo assim, eu me agarrei na fé e decidi que poderia fazer o que eu quisesse”.

Os convites para caminhos duvidosos foram muitos, mas Gecivaldo se manteve centrado no que a sua intuição dizia. Procurou ser melhor a cada dia até que casou e tornou-se pai. Construiu sua família. Teve três filhos, duas meninas e um menino. O matrimônio não deu certo, mas a paternidade sim. E essa foi sua segunda grande escolha. “Eu nunca tive um pai, uma família estruturada, por isso sempre tive vontade de ser pai para fazer diferente com os meus filhos”, afirma o homem.

Após os filhos irem morar com Gecivaldo, ele descobriu o quanto é exigente a rotina de pai solteiro, cuidador de três crianças. Mas, o mais difícil ele não esperava: ter que lidar com o estranhamento da sociedade em ver um homem tomando conta sozinho dos filhos. “As pessoas preferem se aproximar para saber como você conseguiu alguma coisa, quem é você, como você se mantém, do que para oferecer ajuda ou perguntar se está tudo bem”, queixa-se. Para evitar infortúnios, Gecivaldo não gosta de pessoas em sua casa e aconselha os filhos a estudarem para realizarem seus sonhos.

O pai sustentava os três com o trabalho de açougueiro. Em 2017, recebeu a notícia inesperada de que a filha mais velha, Jéssica da Conceição, atualmente com 13 anos, estava com leucemia. Gecivaldo teve que deixar o emprego para se dedicar ao tratamento da filha. Foi assim que conheceu a Abrace, após receber atendimento no Hospital da Criança de Brasília José Alencar, e mudou o seu conceito sobre as pessoas. Passou a receber da instituição ajuda com alimentação, roupas, passagem para se locomover ao hospital, orientação sobre os seus direitos e sobre a doença da filha, entre outros benefícios. “Aqui [no hospital] conheci pessoas muito boas, que estavam realmente preocupadas em recuperar a saúde da Jéssica”, diz.

Gecivaldo é um pai dedicado. Aprendeu a lavar, passar, cozinhar, fazer penteado e a amar incondicionalmente. Ele vive para os filhos, não tem vida social. E, apesar do turbilhão de sentimentos em conjunto com a preocupação constante em relação ao sustento da casa e com a alegria das três pessoas que dependem dele, é fácil abrir o sorriso em seu rosto: basta soltar um elogio a qualquer um dos três pequenos. É felicidade certa.

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